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Esqueça as mega tendências em logística...

O futuro da logística é o das MICROTENDÊNCIAS. Caminhamos para um mundo de personalização, onde não fará sentido falar em tendências gerais; precisaremos cada vez mais nos aprofundar e entender aqueles 1% que representam uma tendência de pensamento e que se traduzirá numa individual forma de gestão, influenciando o mercado. Não existirá mais um punhado de megaforças definindo os nossos destinos. Pense em um intricado e complexo labirinto de opções, que se traduzem em MICROTENDÊNCIAS, que moldarão a área de logística de forma irreversível. Esqueça a verdade, até então única e inquestionável, que a integração da logística e a sua evolução para o supply chain é a única saída para as empresas no futuro. Quantas dessas sofisticadas empresas não quebraram nesta última crise global? Pense e reflita: muitas empresas alcançarão bilhões de reais em faturamento sem sequer ter um Gerente de Logística! Não teremos um modelo único de gestão da cadeia logística. Também não teremos três ou quatro modelos. E nem cinco, dez ou vinte. Teremos centenas de diferentes modelos de gestão. E nenhum mais certo ou mais errado. Poderemos ter uma Sadia e uma Perdigão atuando de forma totalmente diferente uma da outra, e ambas tendo uma bem sucedida abordagem de mercado. Quem disse que a área de logística não poderá estar subordinada à área de Vendas, por causa disso e daquilo? Pois é, testemunharemos centenas de empresas onde a área de logística estará restrita a no máximo um gerente, este subordinado a um Diretor Comercial. Algo semelhante, nós presenciaremos com a área de Produção, Materiais e Finanças. Até podemos dizer que as empresas caminham para um modelo teórico padrão, mas muitas, perto de atingir o modelo ideal, sofrerão mutações conforme a sua história, valores internos, questões sucessórias, exigências de Clientes, atuação de concorrentes, efeitos da globalização, pressões governamentais, normas legais, etc. Enquanto muitas grandes empresas estão partindo para transferir para terceiros não apenas o ônus pelos investimentos em ativos operacionais, mas também a gestão de toda ou parte de sua cadeia logística, um gigante do setor varejista, a Casas Bahia, prova que o modelo inverso também pode ser viável, para desespero de acadêmicos, consultores e defensores da terceirização logística (na qual me incluo). Com certeza, o sucesso desse modelo, deve ter levado muitas empresas (quem sabe aquele "representativo" 1%) a repensar o seu modelo logístico. Enquanto muitas empresas sonham em um dia ter um parceiro como DHL Exel, UPS, Ceva Logistics, Ryder, McLane, Penske, etc., outras grandes empresas multinacionais caminham na contramão, contratando pequenas empresas de logística, que ainda estão desenvolvendo suas capacidades intelectuais. Enquanto muitas empresas vislumbram um dia poder trabalhar com a Mercúrio, Expresso Jundiaí, Atlas Logística e Transportes, Ramos, Patrus, Jamef e outras igualmente qualificadas, outras empresas, financeiramente capacitadas, optam por desenvolver micro-empresas ou autônomos. Veja o que aconteceu com o mercado de transportes no Brasil. Desde 2000 as Transportadoras vêm priorizando seus investimentos em veículos de grande capacidade, como carretas de 26 e 30 páletes e veículos tipo bitrem e rodotrem. Se observarmos as estatísticas de produção de caminhões no Brasil, veremos que os veículos leves e semi-leves representavam 39% da produção de caminhões no Brasil, contra 45% dos caminhões pesados e semi-pesados; em 2007, a realidade era outra, sendo que os caminhões menores representavam apenas 24% e os maiores, 66%. Porém, caminhamos para um aumento do comércio eletrônico e maiores dificuldades para a distribuição urbana, devido ao aumento de congestionamentos e restrições à circulação de grandes veículos. Talvez, menos de 1% das empresas do segmento de transportes tenham atentado para esse fato, e elas investiram em veículos tipo VUC, vans, furgões e kombis. Nunca vimos tantos caminhões de pequeno porte produzidos pela Kia e Hyundai. Esse 1%, que enxergou essa oportunidade de novo negócio, hoje está estabelecendo parceiras com as grandes empresas de carga fracionada que não dispõem da infra-estrutura adequada para chegar ao Cliente final, principalmente no setor varejista. Vamos aos armazéns. Quem garante que o fato de ter um sistema WMS (Warehouse Management System) levará as empresas a um desempenho classe mundial em sua operação? Pois é, conheço centenas de empresas (seguramente muito mais que 1%) que não acreditam nessa ferramenta e que ainda trabalham em sistemas baseados em planilhas Excel ou ainda pelo velho sistema Kardex, e que alcançam indicadores de produtividade e de serviço altamente competitivos. Será que um dia elas terão um sistema WMS? Será que elas não desenvolverão (ou já desenvolveram) um "modus vivendi" que independe do sistema WMS? Há alguns anos atrás a Transportadora Americana e a Atlas Transportes resolveram priorizar lucratividade e não vendas, enquanto que a grande maioria das empresas (quase 100%), de forma atabalhoada, cresceu a taxas de 20% a 40% ao ano, aumentando suas vendas e provavelmente, contabilizando prejuízos. Poucos perceberam a importância da atitude dos gestores dessas duas empresas, e continuam atuando focando exclusivamente no aumento de seu faturamento. Pense na Hering, tradicional empresa do segmento têxtil. Há alguns anos atrás ela iniciou um amplo processo de reformulação de seus canais de distribuição, no qual adotou a corajosa diretriz de não mais depender das grandes redes varejistas e utilizar uma rede de distribuição exclusiva, priorizando lojas em shoppings, além de incrementar seu mix de produtos. Em menos de 6 anos o valor de uma camiseta branca básica saltou de menos de R$ 10,00 para R$ 35,00! Imagine se a Hering não fizesse parte daquele 1% de empresas que não seguem a opinião comum? Aqueles que não conseguirem entender a importância do 1% terão dificuldades em desenvolver um correto entendimento da logística. Isso impactará nas estratégias de venda e pós-venda, bem como nas campanhas de marketing das empresas de logística e transportes e das empresas que oferecem outros serviços e produtos relacionados ao meio, como tecnologia, equipamentos de movimentação, automação, etc. Também impactará na viabilidade da solução logística encontrada pela sua empresa (Embarcadores), que precisa atingir de forma eficiente os canais de distribuição utilizados. A dúvida será: "escolhi o 1% correto?" Não poderemos entender o mundo apenas a partir de mega tendências ou de experiências de cunho universal. Em nossa sociedade, cada vez mais individualizada e dividida, se quisermos alcançar êxito, precisaremos entender os diferentes grupos de identidade que estão crescendo e avançando, de modo rápido e eficaz, e nas mais variadas direções. É o triunfo do pequeno sobre o grande! Pense nisso; estas são as MICROTENDÊNCIAS. Fonte: Marco Antonio Oliveira Neves é Diretor-Presidente da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda

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