Pular para o conteúdo principal

Vale a pena mudar de lado?

Muitos profissionais da área de Transportes, Logística e Supply Chain, observando o avanço da terceirização logística, têm se questionado sobre a hipótese de um dia atuar do lado de lá, no setor de serviços. Outros, em uma fase de questionamento e de análise da carreira também avaliam a possibilidade de trabalhar em Transportadoras e Operadores Logísticos. Vale a pena? Financeiramente, é viável? Em termos de perspectivas futuras e oportunidades, qual a melhor opção? E sob o ponto de vista qualitativo, aonde é melhor trabalhar? É arriscado deixar a Indústria? Terei o perfil adequado? Essa é uma questão complexa e que deve ser abordada sob diversos aspectos. Vamos começar pela questão financeira, a prioridade da grande maioria dos profissionais. Até alguns poucos anos atrás, as diferenças salariais entre os Embarcadores e Provedores de Serviços Logísticos era muito grande, e girava ao redor de 20% a 30%, a favor do contratante dos serviços. A indústria, na sua contínua e árdua tarefa de reduzir custos, provocou um grande "achatamento" dos salários, principalmente no nível gerencial, que ostentava salários e benefícios que atingiam cifras de R$ 15 mil a R$ 20 mil mensais, e que hoje, raramente, fogem do tradicional R$ 8 mil a R$ 12 mil. Por outro lado, nos Operadores Logísticos (não na grande maioria de Transportadoras), verificamos um movimento inverso, de valorização dos profissionais em todos os níveis, dado o alto índice de turn-over e de perda de talentos, para as Indústrias e consultorias. Ainda persiste a diferença, mas muito menor do que há 3 ou 4 anos. Em termos de perspectivas futuras, não há como comparar! É inegável a vastidão de opções e oportunidades que o profissional da área terá em prestadores de serviços em logística e transportes. Com as estimativas de crescimento futuras (de 15% a 20% ao ano), podemos dizer que existirão dezenas de opções, caso este profissional corresponda efetivamente às expectativas nele depositadas. Na indústria, ao contrário, haverá pouquíssimas chances. Na grande maioria das corporações industriais, as pesadas e rígidas regras hierárquicas, associadas às normas burocráticas internas, impedirão a prática da meritocracia. Excelentes talentos acabarão deixando a empresa por não encontrarem espaço ou perspectiva de crescimento no curto e no médio prazo. Em termos de qualidade de vida, esqueça... desculpe a franqueza, mas as duas opções não são nada boas! Você trabalhará cada vez mais, a tolerância a erros será cada vez menor e você será eternamente cobrado por resultados! Por isso sempre digo que profissionais de logística são loucos e apaixonados pelo que fazem, pois caso contrário, não suportariam a contínua e incessante pressão por resultados. Na questão qualitativa, há uma diferença importante. Na indústria você tenderá a travar duelos com outros departamentos, dentro da própria empresa, na eterna batalha entre os feudos departamentais; nos Operadores Logísticos e nas Transportadoras, os maiores problemas estarão concentrados ao redor da relação com seus Clientes. Quanto ao risco, na indústria a volatilidade é muito menor; tudo é mais estável. Nos Operadores Logísticos e Transportadoras, o encerramento de um contrato poderá representar a perda de seu emprego. Por outro lado, o trânsito entre empresas é muito mais fácil em Operadores Logísticos e Transportadoras. Um bom profissional em uma determinada empresa facilmente encontrará emprego em um concorrente. Na indústria, tende a ser mais difícil, embora não possa ocorrer. Por fim, a questão do perfil. A prestação de serviços de logística e transportes demanda profissionais independentes, com muita iniciativa, pró-ativos e hands on. Exige pessoas com facilidade de lidar com risco e em situações de alto estresse. Na indústria, de forma geral, tudo é muito mais controlado e previsível, embora existam várias exceções. Se você trabalha na Indústria, multiplique por 2 ou 3 o seu nível de estresse e aí você terá uma nítida idéia do que encontrará do outro lado. Vale a pena? Eu diria que sim, principalmente se você ainda não completou 35 anos. Uma passada pelo lado de lá lhe trará muito amadurecimento e ampliará significativamente a sua visão sobre transporte e logística. Se você se queixa da falta de mobilidade na sua empresa, a ida para um Operador Logístico poderá ser uma excepcional oportunidade de crescimento. E se você não agüenta mais a burocracia interna da sua empresa, mude de lado tranquilamente, pois o lado de lá prioriza o fim e não os meios para alcançá-los, o que poderá ser uma excelente oportunidade para você organizar processos ou departamentos de uma forma mais racional, menos lenta e pesada. Fonte: Marco Antônio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Código “Q”

Quando assumi um cargo numa empresa de que gerencia o tráfego e o transporte em uma cidade aqui no interior de São Paulo, percebi que algumas coisinhas havia esquecido. Uma delas eram as gírias utilizadas no código “Q” internacional para quem usa rádios HT, de longa distâncias. Portanto, abaixo posto alguns dos códigos mais usados, iniciando pelo código numérico: 1 Primo 2 Segundo 3 Terceiro 4 Quatro 5 Quinto 6 Sexto 7 Sétimo 8 Oitavo 9 Nono 0 Negativo Temos, também, o Código Fonético Internacional que associa respectivas letras do alfabeto a respectivas palavras. Sendo A correspondente a Alfa, B correspondente a Bravo e assim sucessivamente. Internacionalmente foi criado um alfabeto-padrão pela Organização de Aviação Civil Internacional e também adotado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN): ONU Geográfico A - Alfa = América B - Bravo = Brasil C - Charlie = Canadá D - Delta = Dinamarca E - Eco = Europa F - Foxtrot = França G - Golf = Guatemala H -...

Caminhões.... Quais os Tipos Existentes.

Após uma apresentação de alguns alunos no curso que ministro no SENAC / RP , percebi que mesmo aqueles que fazem o curso e que tem contato com a área apresentam dificuldades em identificar os tipos de caminhões e acessórios que poderiam compor o conjunto. Em vista disso, resolvi montar uma aula específica sobre os tipos e seus acessórios, pesos e as suas dimensões, conforme as legislação vigente, com validade a partir de 01/01/2007, quando foram revogadas as Resoluções 12/98 e 163/04 pela Resolução 210/06 e as Resoluções 68/98, 164/04, 184/05 e 189/06 pela Resolução 211/06 do CONTRAN . Como este blog tem divulgação entre profissionais, estudantes de logística mas, também, para leigos, vamos colocar muitas informações a respeito de como montar os diversos conjuntos para transportar os diferentes produtos pelas nossas estradas.

Magazine Luiza e Iveco “abrem” seus Centros de Distribuição

Revelando as vantagens da verticalização e a importância de um bom projeto de armazenagem, as empresas mostram que tipos de estruturas utilizam e que produtos estocam. Como os sistemas de armazenagem foram destaque da última edição da revista Logweb, nesta apresentamos outras soluções de grandes empresas usuárias que se beneficiam destes sistemas. Uma delas é a rede varejista Magazine Luiza e a outra é a fabricante de caminhões e ônibus Iveco. No Magazine Luiza , são utilizadas estruturas porta­ pale­tes ( montantes de 2,10 m x 9,10 m), racks empilháveis, estanterias para produtos menores e blocados de linha branca nos itens de maior giro, conta o gerente de Planejamento do Centro de Distribuição, Carlos Antônio de Almeida. “Temos, hoje, mais de 11.000 SKUs armazenados no CD Bandeirantes, em Louveira, SP, com grande diversidade de produtos divididos em linhas como eletropesado, móveis, brinquedos, som, imagem, telefonia e presentes, além de linha exclusiva para atendiment...