Por que os
bons morrem cedo? Por que muitas empresas não conseguem segurar os talentos?
Acho que a primeira pergunta é saber se as empresas querem reter os melhores.
Entre a retórica e a prática existem enormes gaps. Gênios são criativos,
possuidores de muitas ideias, querem colocar muitos projetos para andar
concomitantemente, fazem muita gente trabalhar, isto cansa. Alguém discorda?
Estes
pensadores, usualmente chamados de “fora da caixinha”, são, em sua maioria,
"petulantes". Onde já se viu argumentar com o chefe? Imagina, estudar
mais que o big boss e ainda ter o atrevimento de questioná-lo. Perguntar o
porquê de fazer pelo jeito mais difícil, se há um modo mais fácil. As empresas
sabem que precisam destes profissionais, mas não gostam deles, nem os toleram!
Prova disto é que poucas empresas têm gênios em cargos de chefia, salvo as de
tecnologia e inovação, podemos contar nos dedos, usando a mão do ex-presidente
Lula, as que gostam de talentos.
Talentos só são bem vindos em palestras, o RH ainda não
sabe lidar com este perfil, muito menos a chefia direta!
Acredito que
os talentos precisam procurar novos lugares, empresas onde se cultiva
criatividade, espaço em que os diretores, estes intermediários que empatam
qualquer foda, também sejam talentosos, tarefa difícil. Por enquanto, ninguém
quer um gênio. Diretor talentoso tem equipe talentosa. Já diretor porqueira,
este tem equipe bem mais ou menos.
A ingrata vida de um
trainee
Já percebeu
que é questão de tempo para o trainee tomar um chute na
bunda? Tão
certo quanto ser trainee, é ser demitido por ter sido trainee. Se você conhece
alguém que tenha sido trainee, pergunte a ele o porquê o demitiram. A resposta
não será muito distante de: “excesso de criatividade”. Mas a empresa
alegou que é porque ele não chega na hora, é desorganizado, trabalha de um modo
estranho, é arrogante. Os “talentos” sempre são chamados de arrogantes, na
melhor da hipótese, de atrevido por não chamar o presidente da empresa de “mestre,
digníssimo senhor, doutor, magnificência” e mais uns dois outros três títulos
que o presidente merece.
Vice-presidente
e diretores podem ser chamados só de “doutor”.
Já que somos provincianos e precisamos mostrar poder em
cima dos talentos, vamos levando com a barriga nossas empresas e o nosso
mercado. Sem partidarizar, a Dilma é um exemplo disto! Já imaginaram como seria
um gênio talentoso, desinibido, sem papas na língua, assessorando a Dilma?
E são tantas Dilmas por aí....
Nas empresas
sobram pessoas como a Dilma em cargos de chefia, alias, é o que mais se vê. Em
um país como nosso, pobre, sem educação, que empresas enriquecem pagando
propina para servidores públicos, não importa ser bom ou não. Importa o quanto
se é querido pelo chefe, ai tem que ser bajulador. Neste caso, o gênio não
serve. E que se dane a qualidade do serviço, em Belo Horizonte, em plena Copa
do Mundo, um viaduto caiu! Pasmem... um viaduto desabou. Se isto aconteceu e
ninguém, até hoje, foi preso ou punido, não há um motivo racional que
explique a necessidade, neste caso, da contratação de um engenheiro talentoso,
pelo menos mediano. No fundo, sabemos que qualquer porqueira serve, até os que
derrubam viadutos ou passarelas, como no RJ.
Alguém discorda?
PS:
O exemplo da Dilma não tem o
intuito de denegrir a Presidente afastada, tem o objetivo de ilustrar o conteúdo.
Fonte: Leonardo Bianchi, jornalista, mestre em administração,
Consultor, palestrante e pesquisador de comportamento do consumidor.
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