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Os desafios logísticos no setor da construção civil

Operadores logísticos, transportadoras de cargas de grande dimensão e empresas da construção civil apontam algumas das dificuldades que enfrentam nas operações logísticas, abrem o jogo quanto às necessidades que têm para otimizar as operações e opinam sobre como melhorar esse quadro. Antes de falar das necessidades do setor de construção civil nesta reportagem especial da Logweb, Agostinho Bruno Zibetti, diretor geral da Rodolatina, operadora logística brasileira do segmento de silos e que no ano passado transportou quase dois milhões de toneladas, explica que a empresa, dentro da construção civil, atua com segmentos como grandes obras, concreteiras, indústrias fornecedoras e indústria de pré-moldados. Assim, ele revela que em cada um deles há uma importância e um processo de utilização do cimento. "Nas grandes obras, é preciso trabalhar a gestão de pedidos, o controle de estoque, o carregamento, o processo de transporte e de descarga do produto na obra, tudo isso sincronizado no tempo, tentando uma operação just-in-time", explica. De acordo com ele, cada segmento precisa de mais atenção, de um planejamento de acordo com a necessidade do cliente, que precisa de um acompanhamento exclusivo e personalizado. "As empresas do ramo precisam entender que não são partes isoladas. O setor de logística requer atuação profissional em todos esses estágios. Vale ressaltar que a construção civil representa uma grande parcela da economia brasileira. Todos os dias nós vemos notícias sobre construções grandes, infraestrutura, conjuntos habitacionais, etc. As construtoras brasileiras estão se profissionalizando cada vez mais, com serviços de alta qualidade. Por isso, requerem que os processos de logística sejam serviços que os acompanhem", complementa. Sérgio Tannús, diretor da Conel Construtora, empresa responsável por obras em Goiás, Manaus e Espírito Santo, além de Minas Gerais, onde está sediada, aponta que a maioria das perdas na construção civil tem relação direta com a gestão logística pouco desenvolvida. Ele diz que as principais necessidades do setor estão muito ligadas ao transporte interno de materiais, diminuição das perdas, melhoria da estocagem no canteiro de obras, bem como à diminuição dos erros ou perdas na entrega e dos danos em trabalhos já realizados. "A maior dificuldade deve-se ao fato de a logística ser razoavelmente nova no setor e haver somente dois focos – o de suprimentos e do canteiro de obras, o que exige investimentos em tecnologia da informação para gerir esses processos logísticos e um grande planejamento de produção", destaca Tannús, explicando que é preciso, antes de tudo, organizar processos, ter uma excelente relação de fornecedores e firmar parcerias. Já Roberto Silva, diretor comercial da Irga, que atua nas áreas de transportes superdimensionados em peso e/ou dimensão, aluguel de guindastes, remoções e montagens industriais, comenta que as atividades da empresa ligadas à construção civil são sempre interligadas com diversas obras e, por isso, as intervenções devem ser feitas com excepcional controle logístico. "Por exemplo, a entrada, operação e saída de um grande guindaste de uma obra para montagens de seus elementos pode gerar grandes resultados, pois grandes volumes serão montados em pouco tempo. Porém, qualquer desencontro em relação à preparação de acessos, áreas de trabalho e outras atividades pode gerar atrasos, improdutividade, custos, etc.", argumenta. Para o diretor da Irga, as dificuldades encontradas para suprir estas necessidades estão concentradas em entender as demandas das obras e apresentar a melhor solução. "Os problemas são contornados com estudos mais detalhados de engenharia, planejamento, controle, acompanhamento, gestão de segurança e perfeito entrosamento entre os operacionais e o cliente, de forma a se buscar o mesmo fim, que é a superação de metas", garante. Ainda sobre as dificuldades, Zibetti, da Rodolatina, acredita que tudo depende da profissionalização da logística, que precisa acompanhar a profissionalização dos outros segmentos da construção civil. No entanto, ele afirma que é um processo em longo prazo, que deve ser realizado com gestão profissional. "Os gestores da área devem encarar o processo logístico como parte de um processo complexo. O transporte deve estar inserido dentro da logística que, por sua fez, está inserida na construção civil. É uma cadeia. A partir disso, é necessário desenvolver processos específicos, personalizados por segmento e cliente", disserta. Além disso, o diretor geral da Rodolatina sugere que é preciso haver treinamento da equipe e ferramentas tecnológicas (rastreamentos de cargas e de frotas) adequadas, permitindo o acompanhamento instantâneo e a facilidade de comunicação com motoristas e clientes. "E, claro, é preciso dispor de caminhões e carretas de qualidade para realizar o processo logístico", ressalta. Segundo Neverton Timm, gerente de Operações da Terex Latin America (Fone: 11 4082.5600) – que opera em quatro segmentos de negócios: Plataformas Aéreas, Construção, Guindastes e Processamento de Materiais & Mineração, fabricando uma ampla gama de equipamentos para utilização em diversas indústrias, incluindo construção, infraestrutura, pedreiras, mineração, logística, transportes, indústrias de refino e concessionárias públicas – as principais necessidades logísticas na construção civil são os investimentos nas áreas retroportuárias, para aumento da capacidade de armazenagem de contêineres e desburocratização dos processos de desembaraço aduaneiro. Ele relata que esteve recentemente na Inglaterra e, ao conversar com colegas da filial da Terex Corporation, ficou sabendo que lá o tempo de desembaraço é medido em horas, enquanto no Brasil leva dias. "Como importamos 100% da nossa demanda, sentimos muitas dificuldades nas áreas portuária e aeroportuária. Por exemplo, algumas peças de reposição são trazidas por via aérea. O tempo de transporte não passa de dois dias. Porém, para liberação alfandegária levamos em média mais de 10 dias para suprir todas as demandas exigidas pela fiscalização", lamenta, revelando que o mesmo ocorre nos embarques marítimos, os quais ainda são agravados pela falta de capacidade de armazenagem nos terminais portuários, o que obriga a Terex a remover a carga para um Porto Seco, gerando, assim, mais custos de transporte e mais tempo. De acordo com Timm, para melhorar os serviços logísticos no setor é preciso haver envolvimento constante dos prestadores de serviços, através do estabelecimento de metas, controle dos resultados, nivelamento de informações e discussão de melhorias. Nesse sentido, Ivan Reginatto, gerente de Vendas e Marketing da Terex Roadbuilding – divisão da Terex Corporation, fabricante de equipamentos para construção rodoviária e pavimentação, com fábrica no Brasil localizada em Cachoeirinha, RS – destaca que o desenvolvimento de parcerias na área de logística é fundamental para a companhia, pois implica diretamente no valor final de negociação dos equipamentos, uma vez que suas dimensões são muito grandes. "Temos que ter uma cadeia de logística muito efetiva e suporte especializado, com o passo a passo do frete em função da dimensão de nossos equipamentos. Para exemplificar, temos equipamentos que chegam a U$ 600 mil e nosso valor de logística pode representar de 5% a 30% do valor total", afirma. Por isso, diz que a empresa desenvolve parcerias de transportes rodoviários e marítimos que possibilitam à Terex Roadbuilding produzir no Brasil e ter preços competitivos nos mercados nacional e internacional. A importância da logística Cada um em sua atuação comenta a importância da eficiência logística para o setor e suas empresas. Zibetti, da Rodolatina, diz que, como a construção civil movimenta grandes volumes de insumos e tem feito grandes obras, acaba envolvendo uma grande quantidade de pessoas no processo. Ele destaca que o insumo com o qual a companhia trabalha – o cimento – é básico para o setor, já que se este material não estiver na obra no momento correto, pode impactar em atrasos, desperdício de mão de obra e em outros transtornos que prejudicam as atividades. Do ponto de vista dele, é importante destacar que a distribuição de cimento a granel é diferente do cimento ensacado. “No nosso caso, trabalhamos com cronogramas, que envolvem outras etapas da obra. Por isso, não pode haver atrasos. Então, se a logística não for eficaz, nada mais é eficaz nesse processo”, enfatiza. Silva, da Irga, por sua vez, também aponta que a logística é de fundamental importância, pois há custos expressivos na preparação e mobilização dos equipamentos da empresa para os diversos pontos de atendimento. Ele explica que, caso ocorram falhas, a Irga pode se deparar com paralisações não previstas em carretas excedentes, guindastes, linhas de produção de terceiros, navios, balsas e portos. “Como nossos equipamentos são sempre superdimensionados, com montagens complexas e com grandes áreas de ocupação, quando em operação, não podemos de nenhuma forma perder o controle logístico e baixar o nível de eficiência”, pontua. Para Timm, da Terex, a importância do controle logístico está na garantia dos curtos prazos de entrega e confiabilidade. Ele afirma que hoje os clientes não aceitam esperar muito para receber seus equipamentos e, por isso, a empresa precisa montar uma rede logística enxuta, flexível, rápida e extremamente confiável. “Nós conseguimos isso a partir do envolvimento constante dos parceiros de negócios. Temos reuniões mensais, chamadas de Terex Supply Chain Meeting, nas quais discutimos com os nossos parceiros metas, dificuldades encontradas, soluções e ideias para otimizar o processo logístico em termos de prazo e custo”, expõe. Por fim, Tannús afirma que a logística é essencial na operacionalização dos processos da Conel Construtora. Ele argumenta que pelo fato de possuir obras em todo o Brasil é preciso que a empresa tenha um desenvolvimento muito grande na logística para que todas as etapas sejam cumpridas nos prazos estabelecidos e as perdas sejam reduzidas. “É impensável hoje que uma empresa bem-sucedida no mercado abra mão da logística para gerir todo seu processo produtivo”, enfatiza. Fonte: http://www.blogger.com

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